19.11.10

Soneto









Carregado de mim ando no mundo,



E o grande peso embarga-me as passadas,



Que como ando por vias desusadas,



Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.







O remédio será seguir o imundo



Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,



Que as bestas andam juntas mais ornadas,



Do que anda só o engenho mais profundo.







Não é fácil viver entre os insanos,



Erra, quem presumir, que sabe tudo,



Se o atalho não soube dos seus danos.







O prudente varão há de ser mudo,



Que é melhor neste mundo em mar de enganos



Ser louco cos demais, que ser sisudo.





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Boca de Inferno

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