27.12.10

Veias, vísceras e vírgulas

"Conduz teu carro e teu arado por sobre os ossos dos mortos".
William Blake

     Aprende a amar teus maus momentos, conviva com eles aceita-os, afinal, é o conjunto deles que tornará possível apreender os melhores dias quando a felicidade resolver aparecer.
     Ninguém que tenha pisado sobre este chão foi capaz de deixar atrás de si um rastro de plenitude e gozo somente, seria isensato esperar o lapso das leis apenas para si, sentir, é uma das condições para que se possa existir além disso, a felicidade permanente nos teria condenado a todos, pleno rebanho para as bestas, patéticas vítimas das eras glaciais.
     Esqueça todos os conselhos, nenhum deles te servirá, nunca houve alguém como você, uma combinação única de moléculas de carbono onde não cabem as experiências alheias, você terá que descobrir sozinho, vai ter que sangrar e vai ter que sofrer, não há outro modo, qualquer coisa que soe melhor é falácia.
     É preciso certo cuidado para que as dores não doam além do necessário, para que não se transformem em conveninetes justificativas para isso ou aquilo.
     Ontem a tarde o SAMU teve que vir até aqui para levar um maluco que tinha surtado e se recusava a  abrir a porta de seu quarto, enquanto o sujeito era imobilizado na maca sob a justificativa de que não poderiam seguir se ele não fosse amarrado (pelo menos é o que nos diz a lei de trânsito)bem ali, diante de todos nós ele ri, ri muito, jogando a cabeça para trás com os olhos fora da órbita ele nos diz "tchau seus otários, estou embarcando na nave espacial!" o tipo de coisa que me faz pensar em duas coisas; que a felicidade pode sim ter cheiro de loucura, e a segunda é que tenho que ficar velhaco com o pessoal do SAMU, quando chegar a minha vez, talvez eu não saiba o que fazer, eles argumentam muito bem,

 


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